A poeta brasileira MALU OTERO , estudantes e público participante da Roda de Leitura na gruta de Xoxafi
AULA 1- APLICAÇÃO
PRÁTICO-TEÓRICA
Sabemos que uma
das expectativas dos estudantes do Curso de Direito é iniciar, quanto antes, a
produção das principais peças processuais, em especial a petição inicial. As
disciplinas Teoria e Prática da Narrativa Jurídica (segundo período), Teoria e
Prática da Argumentação Jurídica (terceiro período) e Teoria e Prática da
Redação Jurídica (quarto período) pretendem, juntas e progressivamente, ajudar
você a desenvolver todas as habilidades e competências necessárias à consecução
dessa tarefa, em especial: a) organização das ideias; b) seleção e combinação
de informações; c) produção convincente dos argumentos; d) identificação das
características estruturais de cada peça; e) redação em conformidade com a
norma culta da língua etc.
Para isso, é
necessário, em primeiro lugar, identificar a macroestrutura lingüística da
peça, bem como os requisitos impostos pelo art. 282 do CPC:
Art.282 do CPC. A
petição inicial indicará:
Inciso I- o juiz
ou tribunal, a que é dirigida;
Inciso II- os
nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do
réu;
Inciso III- o fato
e os fundamentos jurídicos do pedido;
Inciso IV- o
pedido, com as suas especificações;
Inciso V- o valor
da causa;
Inciso VI- as
provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
Inciso VII- o
requerimento para a citação do réu.
No mesmo sentido,
vejamos quais os requisitos exigidos, por exemplo, para a sentença.
Art. 458 do CPC.
São requisitos essenciais da sentença:
Inciso I – O
relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do
réu, bem como o registro das principais ocorrências havidas no andamento do
processo:
Inciso II – Os
fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;
Inciso III – O
dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes lhe submeterem.
Esses dois
documentos, bem como outros, mostram-nos que há uma regularidade na organização
das peças processuais: são indispensáveis a narrativa dos fatos, importantes da
lide, a fundamentação de um ponto de vista e aplicação da norma, em forma de
pedido, decisão, etc.
Não importa se a
narrativa dos fatos será denominada dos fatos (petição inicial) ou relatório
(sentença, parecer, acórdão). Também não cabe, neste momento, nomear a parte
argumentativa como do direito ( petição inicial) ou fundamentação ( parecer).
Pretendemos apenas, nesta primeira aula, como já dissemos, que o estudante de
Direito perceba que as peças processuais seguem, independente de suas
peculiaridades, uma estrutura regular: narrar, fundamentar e pedir.
Essa estrutura não
existe sem motivação. Uma proposta teórica, internacionalmente conhecida,
chamada Teoria Tridimensional do Direito, do jusfilósofo brasileiro Miguel
Reale, defende que o Direito compõe-se de três dimensões: FATO, VALOR e NORMA.
E como a
universidade pensou as disciplinas de Português Jurídico diante dessa
perspectiva? Adiante, uma síntese do que se pretende em cada matéria.
Em Teoria e
Prática da Narrativa Jurídica (segundo período), serão estudadas com profundidade
todas as questões relativas à produção do texto narrativo, primeira dimensão do
direito, que consiste na exposição de todos os fatos importantes para a
adequada solução da lide.
Teoria e Prática
da Argumentação Jurídica (terceiro período) terá como objeto principal de
estudo a Teoria da Argumentação, segundo a proposta de Chaim Perelman,
oportunidade em que as técnicas e estratégias para a produção do texto
jurídico-argumentativo e a respectiva aplicação da norma serão minuciosamente
analisadas. Por meio dos tipos de argumento, e todos os demais recursos
lingüísticos e discursivos disponíveis ao profissional do direito, o aluno será
estimulado a defender as teses que julgar adequadas.
Por fim, em Teoria
e Prática da Redação Jurídica ( quarto período), não mais produziremos
isoladamente as partes narrativa ou argumentativa, mas uma peça inteira.
Elegemos o parecer técnico-formal especialmente porque não será necessária
capacidade postulatória para redigi-lo, ou seja, mesmo não sendo ainda
advogado, em princípio, já se pode produzir esse documento com validade
processual.
Motivado por essa
explicação. Leia os casos concretos que seguem e responda à questão.
CASO CONCRETO 1
O caso ocorreu em
Teresópolis, Região Serrana do Rio de Janeiro, no ano de 2005. Uma mulher de 36
anos, desempregada, estava casada com um mecânico, também desempregado. Os dois
moravam em um barraco de 10 metros quadrados, junto com seus três filhos. O
mais velho tinha seis anos de idade; o filho do meio, quatro; o caçula, um ano
e meio.
É importante mencionar
que essa mulher, Marcela, estava gestando o quarto filho. No mês de fevereiro
daquele ano, em decorrência das fortes chuvas, um deslizamento de terra
arrastou, ladeira abaixo, o lar em que vivia essa família. A mãe conseguiu salvar
os dois filhos mais velhos, entretanto o caçula, ainda aprendendo a andar, não
conseguiu sair a tempo. Morreu soterrado. Por tudo o que aconteceu, Marcela
entrou em trabalho de parto.
Chegou ao hospital
público mais próximo e foi submetida a uma cesariana. Assim que ouviu o choro
do bebê, prematuro, pediu para segurá-lo um pouco no colo. A enfermeira o permitiu.
Marcela beijou a criança e jogou-a para trás. O menino caiu no chão, sofreu
traumatismo craniano e morreu.
Perguntada por que
tomara aquela atitude, disse que não gostaria que seu filho passasse por tudo o
que os demais estavam passando: fome e miséria. Um exame realizado no Instituto
Médico Legal apontou que Marcela não se encontrava em estado puerperal no
momento em que matou o próprio filho.
CASO CONCRETO 2
Este segundo caso
ocorreu em São Paulo. A secretária Adriana Alves engravidou do namorado e, sem
saber explicar por qual motivo, não contou o fato para ele; também não contou
para mais ninguém. Seus pais, com quem morava, não sabiam de sua gravidez. Não
compartilhou esse segredo com amigas ou colegas de trabalho. Definitivamente,
ninguém conhecia a gestação de Adriana.
Com o passar dos
meses, Adriana não recebeu qualquer tipo de acompanhamento ou cuidado pré-natal
especial; escondia a barriga com cintas e usava roupas largas. No mês de
dezembro de 2006, quando participava de uma festa de final de ano, no
escritório em que trabalha, sentiu-se mal e foi para casa.
Sua intenção era
realizar o parto sozinha e jogar a criança em um rio próximo à sua casa.
Ocorre, porém, que o parto não transcorreu tranquilamente. Adriana teve
complicações e teve de puxar à força a criança. Depois, matou-a afogada na
bacia de água quente que separou para realizar o parto. Para se livrar da
justiça, jogou a criança, já morta, no rio, enrolada em um saco preto.
Muito debilitada,
foi a um hospital buscar ajuda para si, mas não soube explicar o que aconteceu.
Após breve investigação da Polícia, Adriana confessou tudo o que fizera. Exames
comprovaram que ela estava sob o estado puerperal.
Questão
a)
Vimos que, em ambos os casos, as
acusadas praticaram o mesmo fato (conduta), qual seja, matar alguém.
Entretanto, o Código Penal prevê diversos tipos penais para essa conduta, a
depender das circunstâncias como o fato foi praticado. Produza uma tabela como
a do exemplo abaixo. Indique, pelo menos, cinco artigos.
Dispositivo: art.
157, § 3º do CP (latrocínio)
Transcrição: art.
157: Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça
ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência:
Pena-reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 3º Se da
violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze
anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão e de vinte a trinta anos, sem
prejuízo da multa.
Comentário das
especificidades: o agente tem o dolo de matar e de roubar. Nessa hipótese, o
roubo é o crime-fim, enquanto o homicídio é crime-meio.
Dispositivo: art.
129, §3º do CP ( lesão corporal seguida de morte)
Transcrição: art.
129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena- detenção, de
três meses a um ano.
§3º Se resulta
morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem
assumiu o risco de produzi-lo:
Pena – reclusão,
de quatro a doze anos.
Comentário das
especificidades: o agente pratica a lesão corporal de maneira dolosa e o
homicídio de maneira culposa, ou seja, trata-se de um crime preterdoloso: dolo
no antecedente e culpa no conseqüente.
b)
Ao perceber que as circunstâncias como a
conduta é praticada influenciam substancialmente o crime imputado ao agente, o
profissional do direito deve estar atento para selecionar todas as informações
que não podem deixar de constar de sua exposição dos fatos. Identifique nos
dois casos concretos quais informações não podem deixar de ser narradas e as
indique em tópicos.
R: No caso de Marcela, aponta-se:
_ Marcela já gerava o
4º filho;
Ø
Não queria que este passasse por dificuldades de fome e miséria, como os outros
(motivo);
Ø
A criança nasceu prematura, motivada pelo desmoronamento do barraco que tinham
e perderam tudo;
Ø
Crime de Homicídio;
Ø
Ela é a mãe da criança;
Ø
Matou o recém-nascido, jogando-a para trás e na queda, sofreu traumatismo
craniano;
Ø
Agiu sobre forte emoção, caracterizada como depressão pós-parto, com vontade de
matar o próprio filho, o que se difere do estado puerperal;
No caso de Adriana, destaca-se:
Ø Ela também é a mãe da criança;
Ø
Teve uma gravidez indesejada, levando-a a esconder o período gestacional do
próprio pai da criança, familiares e amigos (motivo);
Ø
Planeja matar a criança a todo tempo;
Ø
Existe o dolo;
Ø
Crime de Infanticídio e Ocultação de Cadáver;
Ø
Embora os exames comprovem seu estado puerperal, percebe-se que esse resultado
foi sentenciado por coincidência;
c)
Quais crimes praticaram Marcela
e Adriana? Defenda seus pontos de vista em um parágrafo.
R: As agentes
enquadram-se no Crime de Homicídio, Art. 121, do CP. Pois, mesmo que haja
particularidades ou tentativas de justificar os atos, como Marcela em situações
precárias de sobrevivência e Adriana, resguardada pelo exame que confirma um
estado puerperal da mesma, ambas violaram um direito fundamental da
personalidade: o direito a vida, onde no 1º caso a agente demonstra fraqueza e
incapacidade de superação quanto às adversidades que a vida lhe ofereceu,
rejeitando seu bebê e impossibilitando-o de sobrevivência de forma digna. Em
contrapartida, a 2ª agente poderia ter sido enquadrada no Crime de
Infanticídio, segundo o Art. 123, do CP, caso não tivesse premeditado o crime
desde a confirmação da gravidez, agindo com dolo, além de ocultar o cadáver do
filho em um saco de lixo, lançando-o ao rio.
AULA 2- APLICAÇÃO
PRÁTICO-TEÓRICA
No Direito, é de grande relevância o que se denomina
tipologia textual; narração, descrição, dissertação. O que torna essa questão
de natureza textual importante para o direito é sua utilização na produção de
peças processuais como a petição inicial, que apresenta diferentes tipos de
texto, a um só tempo. Para melhor compreender essa afirmação, observe o esquema
da petição inicial e perceba como essa peça pertence a um tipo textual híbrido
do discurso jurídico, o que exige do profissional do direito o domínio pleno desse
conteúdo.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO
DA
----------- VARA -----------DA COMARCA __________
Parte
Descritiva Qualificação das partes
Parte Dos Fatos
Narrativa
Parte Do Direito
Argumentativa
Parte Injuntiva Do Pedido
1- _____________________________________________________
2- ______________________________________________________
3- ______________________________________________________
Das
Provas
Do
Valor da Causa
Nesses termos,
Pede deferimento.
Local, data e assinatura
Questão 1
Identifique a
tipologia textual predominante em cada um dos fragmentos listados e justifique
sua resposta com elementos do próprio texto
Fragmento 1
O presente estudo propõe trazer reflexões acerca do aborto,
ou interrupção da gestação, de fetos anencefálicos, aos quais correspondem aos
fetos com malformação genética que impossibilita o desenvolvimento do encéfalo
ek, por isso, acarreta um mau prognóstico do mesmo. Deste modo, sugere-se
ponderar os princípios jurídicos fundamentais, como o direito à vida do feto e
à saúde, em sua totalidade, da gestante, e a criação de uma política pública de
saúde que proporcione suporte científico ao magistrado.
No primeiro capítulo, em um breve histórico relevante,
pretende-se abordar a aceitabilidade social jurídica do aborto em diferentes
contextos e sociedades, bem como, enfocar a criminalização do aborto como meio
de proteção à vida intra-uterina.
No segundo capítulo, serão discutidas as condições jurídicas
do nascituro, ou seja, se a ele são atribuídos direitos e deveres enquanto
sujeito de direitos, delineando diferentes teorias que versavam acerca de tal
temática. Ainda, no mesmo capítulo, serão apresentadas sucintas considerações
acerca do direito à vida enquanto direito fundamental.
(...)
( Monografia
apresentada por Leonardo José da Rocha Rezende ao Curso de Preparação á
Carreira da
Magistratura da EMERJ. Orientadores: Ricardo Martins e Néli Cavalieri Fetzner.
Disponível em: http://www.emerj.tjrj.jus.br/paginas/biblioteca_videoteca/monografia/Monografia_pdf/2021/LeonardoRezende_Monografia.pdef.
Acesso em : 01 jul. 2012.)
R: Descrição, pois está descrevendo sobre
o que cada capítulo da monografia aborda. Exemplos: “No primeiro capítulo, em
um breve histórico relevante, pretende-se abordar a aceitabilidade social e
jurídica do aborto em diferentes...”.
“No segundo capítulo, serão discutidas
as condições jurídicas do nascituro, ou seja, se a ele são atribuídos
direitos...”.
Fragmento 2
A perspectiva analítica adotada parte do pressuposto de que
um dos fatores que alimentam dissensos reside na lógica do contraditório
presente na prestação jurisdicional e em todo o campo do Direito brasileiro,
tanto em suas manifestações práticas, como nas teóricas e doutrinárias.
A origem desta lógica, tanto quanto registra a história do
saber jurídico, já era encontrada nos exercícios de contradicta realizados nas
primeiras universidades que ministraram o ensino jurídico durante a Idade Média,
particularmente na Itália, berço europeu deste ensino ( Berman, 1983). Por ser
constituída de argumentação infinita, a lógica do contraditório necessita da
manifestação de uma autoridade que a interrompa para que seja dada continuidade
aos procedimentos judiciais nos tribunais brasileiros.
(...)
( Rafael Mario
Iorio Filho e Hustana Vargas. Controle social e Representações: a polifonia
Sobre
o ECA nas escolas cariocas. Disponível em: < http://www.foxitsoftware.com> .
Acesso em : 01 jul.2012.)
R: Dissertação, pois há ordenação de
ideias (argumentação) sobre o tema, de cunho reflexivo. Por exemplo, em:
1 - argumentação: “A origem desta
lógica, tanto quanto registra...”
2 - argumentação: “ Por ser constituída
de argumentação infinita, a lógica do contraditório...”
Fragmento 3
O caso ocorreu em Teresópolis, Região Serrana do Rio de
Janeiro, no ano de 2005. Uma mulher de 36 anos, desempregada, estava casada com
um mecânico, também desempregado. Os dois moravam em um barraco de 10 metros
quadrados, junto com seus três filhos. O mais velho tinha seis anos de idade; o
filho do meio, quatro; o caçula, um ano e meio.
É importante mencionar que essa mulher, Marcela, estava
gestando o quarto filho. No mês de fevereiro daquele ano, em decorrência das
fortes chuvas, um deslizamento de terra arrastou, ladeira abaixo, o lar em que vivia essa família. A mãe conseguiu
salvar os dois filhos mais velhos, entretanto o caçula, ainda aprendendo a
andar, não conseguiu sair a tempo. Morreu soterrado. Por tudo o que aconteceu,
Marcela entrou em trabalho de parto.
Chegou ao hospital público mais próximo e foi submetida a
uma cesariana. Assim que ouviu o choro do bebê, prematuro, p0ediu para
segurá-lo um pouco no colo. A enfermeira o permitiu. Marcela beijou a criança e
jogou-a para trás. O menino caiu no ch~´ao, sofreu traumatismo craniano e
morreu.
(...)
( Plano de
Aula 1 dessa disciplina)
R: Narração,
pois está narrando fatos da história. Por exemplo, em: “O caso ocorreu em
Teresópolis, Região Serrana do Rio de Janeiro, no ano de 2005. Uma mulher de 36
anos, desempregada, estava...”.
Fragmento 4
“ De acordo com a
inicial de acusação, ao amanhecer, o grupo passou pela parada de ônibus onde
dormia a vítima. Deliberaram atear-lhe fogo, para o que adquiriram dois litros
de combustível em um posto de abastecimento. Retornaram ao local e enquanto
Eron e Gutemberg despejavam líquido inflamável sobre a vítima, os demais
atearam fogo, evandindo-se a seguir.
Três qualificadoras foram descritas na denúncia o motivo
torpe porque os denunciados teriam agido para se divertir com a cena de um ser
humano em chamas, o meio cruel, em virtude de ter sido a morte provocada por
fogo e uso de recurso que impossibilitasse a defesa da vítima, que foi atacada
enquanto dormia.
A inicial, que foi recebida por despacho de 28 de abril de
1997, veio acompanhada do inquérito policial instaurado na 1º Delegacia
Policial. Do caderno informativo constam, de relevantes, o auto de prisão em
flagrante de fls. 08/22, os boletins de vida pregressa de fls. 43 a 45 e o
relatório final de fls. 131/134. Posteriormente vieram aos autos o laudo
cadavérico de fls. 146 e seguintes, o laudo de exame de local e de veículo de
fls. 172/185, o exame em substância combustível de fls. 186/191, o termo de restituição
de fls.247 e a continuação do laudo cadavérico, que está a fls. 509.
O Ministério Público requereu a prisão preventiva dos
indiciados. A prisão em flagrante foi relaxada, não configurada a hipótese de
quase flagrância, por não ter havido perseguição, tendo sido os réus
localizados em virtude de diligências policiais. [..]
( disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/16291/0-caso-do-indio=pataxo-queimado-em-brasilia.
Acesso em: 10 de dezembro de 2010)
R: Narração,
pois está relatando fatos do caso. Por exemplo: ”O Ministério Público requereu
a prisão preventiva dos indiciados. A prisão em flagrante foi relaxada, não
configurada a hipótese de...”.
Fragmento 5
A televisão tem uma grande influência na formação pessoal e
social das crianças e dos jovens. Funciona como um estímulo que condiciona os
comportamentos, positiva ou negativamente.
A televisão difunde programas educativos edificantes, tais
como o Zig Zag, os documentários sobre História, Ciências, informação sobre a
atualidade, divulgação de novos produtos...
Todavia, a televisão exerce também uma influência negativa,
ao exibir modelos, cujas caracterísiticas ao inatingíveis pelas crianças e
jovens em geral. As suas qualidades físicas são amplificadas, os defeitos
esbatidos, criando-se a imagem do herói/heroína perfeitos. Esta construção
produz sentimentos de insatisfação do eu consigo mesmo e de menosprezo pelo
outro. A violência é outro aspecto negativo da televisão, em geral. As
crianças/jovens tendem a imitar os comportamentos violentos dos heróis, o que
pode colocar em risco a vida dos mesmos. O mesmo acontece com o visionamento de
cenas de sexo. As crianças formam uma imagem destorcida da sua sexualidade,
potenciando a prática precoce de sexo e suscitando distúrbios afetivos. Em
jeito de conclusão, é legítimo que se imponha às estações de televisão uma
restrição de exibição de material violento ou desajustado à faix etária nas
suas gtrelhas de programação, dado que a exposição a este tipo de conteúdos é
extremamente prejudicial no desenvolvimento das crianças e dos jovens, pois,
tal como diz o povo, “ violência só gera violência”.
( Disponível em? http://pt.scribd.com/doc/31355681/exemplo-texto>.
Acesso em ; 01 jul.2012.)
R: Dissertação,
pois há ordenação de ideias (argumentação) sobre o tema, de cunho reflexivo.
Por exemplo, em:
1- argumento: “Funciona como um estímulo
que
condiciona os comportamentos, positiva
ou negativamente.”
2 - argumento: ” A televisão difunde
programas educativos edificantes, tais como o Zig Zag, os documentários sobre
Historia, Ciências...”.
Fragmento 6
Vontade de fazer; vontade própria;consciência; capacidade de
decidir e se conduzir em decorrência da própria decisão.
Quando relacionado a um crime – crime doloso- diz-se que a
pessoa se conduziu por vontade própria, ou seja, tinha realmente a intenção de
praticar aquela conduta. Entretanto, o dolo não está relacionado apenas às
condutas criminosas, mas à vontade consciente da pessoa que pratica qualquer
conduta.
A adolescência é o período da vida em que a pessoa está
adquirindo dolo, ou seja, capacidade de decidir e se conduzir por suas
decisões, podendo ser responsabilizada por suas condutas.
( Disponível em http://www.dicionarioinformal.com.br/dolo/.
Aceso em:01 jul. 2012)
R: Descrição, pois descrevendo sobre o crime doloso. Por exemplo:
“crime doloso - diz-se que a pessoa se conduziu por vontade própria, ou seja,
tinha realmente a...”.
Questão 2
Acesse o site do STF ou do STJ e transcreva trecho de um
voto em que a narração está a serviço da argumentação.
R: A
ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL 186
DISTRITO FEDERAL
ABRANGÊNCIA DO TEMA EM DISCUSSÃO
A questão fundamental a ser examinada
por esta Suprema Corte é
saber se os programas de ação afirmativa
que estabelecem um sistema de
reserva de vagas, com base em critério
étnico-racial, para acesso ao ensino
superior, estão ou não em consonância
com a Constituição Federal.
Para enfrentar a questão da
constitucionalidade dos programas de
ação afirmativa instituídos pela
Universidade de Brasília e outros estabelecimentos de ensino superior no País,
penso que cumpre ao
Supremo Tribunal Federal discutir esse
relevante tema do modo mais
amplo possível, fazendo-o, em especial,
à luz dos princípios e valores
sobre quais repousa a nossa Carta Magna.
O primeiro passo, para tanto, a meu
sentir, consiste em revisitar o
princípio da igualdade agasalhado na Lei
Maior, examinando-o em seu
duplo aspecto, ou seja, no sentido
formal e material.
IGUALDADE FORMAL VERSUS MATERIAL
De acordo com o artigo 5º, caput, da
Constituição, "todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza". Com essa expressão o
legislador constituinte originário
acolheu a ideia – que vem da tradição
liberal, especialmente da Declaração do
Homem e do Cidadão francesa
de 1789 - de que ao Estado não é dado
fazer qualquer distinção entre
aqueles que se encontram sob seu abrigo.
É escusado dizer que o constituinte de
1988 – dada toda a evolução
política, doutrinária e jurisprudencial
pela qual passou esse conceito - não
se restringiu apenas a proclamar
solenemente, em palavras
grandiloquentes, a igualdade de todos
diante da lei.
À toda evidência, não se ateve ele,
simplesmente, a proclamar o
princípio da isonomia no plano formal,
mas buscou emprestar a máxima
concreção a esse importante postulado,
de maneira a assegurar a
igualdade material ou substancial a
todos os brasileiros e estrangeiros
que vivem no País, levando em
consideração – é claro - a diferença que os
distingue por razões naturais,
culturais, sociais, econômicas ou até
mesmo acidentais, além de atentar, de
modo especial, para a
desequiparação ocorrente no mundo dos
fatos entre os distintos grupos
sociais.
AULA 3- APLICAÇÃO
PRÁTICO-TEÓRICA
Questões:
a)
Resuma, em até cinco linhas, qual a versão
narrada pela parte.
R: A versão narrada pela parte dá autora é a do
constrangimento sofrido por sua cliente em face do seu patrão, que vinha
assediando-a moralmente e sexualmente para que esta cultivasse uma relação
paralela à vida profissional, a qual não agradava a mesma, que acarretou sérios
problemas em sua vida pessoal durante e após a resolução do fato.
b)
Identifique, na transcrição desse segmento, pelo
menos três informações que a parte contrária não teria narrado. Justifique por
quê.
R: Esse diploma foi conquistado não sem esforço, melhor
se diria até, com grande sacrifício. Órfã de pai aos nove anos de idade, mais
velha de três irmãs, teve a autora muito cedo que começar a trabalhar, para
ajudar sua mãe no orçamento doméstico; ainda adolescente, menor de idade,
aceitava pequenas tarefas remuneradas, posando para comerciais de televisão,
ocasionalmente desempenhando pequenos papéis dramáticos em tele-novelas.”
Nesse trecho, o réu não tinha conhecimento de todo o esforço que a autora teve para chegar aonde chegou, logo, não podendo ser narrado por ele. Nesse trecho, o réu não tinha conhecimento de todo o esforço que a autora teve para chegar aonde chegou, logo, não podendo ser narrado por ele.
“38- A autora cuidava que todo aquele pesadelo não duraria mais que uma noite e que, novamente sóbrio, o réu se desculparia ou, pelo menos, tentaria fingir que nada tinha acontecido.”
Nesse trecho, é impossível o réu saber o que se passa no âmago da autora, o sofrimento que essa teve que suportar para ser demitida.
“56- Mas não paravam aí os sofrimentos. Também por um outro particular a situação era cruel: além de seus sonhos profissionais, a autora evidentemente tinha também sonhos como mulher, os sonhos de toda moça: ter uma relação afetiva normal, sólida, casar-se, gerar e criar os próprios filhos.”
Nesse trecho, o réu também não..
Nesse trecho, o réu não tinha conhecimento de todo o esforço que a autora teve para chegar aonde chegou, logo, não podendo ser narrado por ele. Nesse trecho, o réu não tinha conhecimento de todo o esforço que a autora teve para chegar aonde chegou, logo, não podendo ser narrado por ele.
“38- A autora cuidava que todo aquele pesadelo não duraria mais que uma noite e que, novamente sóbrio, o réu se desculparia ou, pelo menos, tentaria fingir que nada tinha acontecido.”
Nesse trecho, é impossível o réu saber o que se passa no âmago da autora, o sofrimento que essa teve que suportar para ser demitida.
“56- Mas não paravam aí os sofrimentos. Também por um outro particular a situação era cruel: além de seus sonhos profissionais, a autora evidentemente tinha também sonhos como mulher, os sonhos de toda moça: ter uma relação afetiva normal, sólida, casar-se, gerar e criar os próprios filhos.”
Nesse trecho, o réu também não..
AULA
4- APLICAÇÃO PRÁTICO-TEÓRICA
A modalização consiste na atitude
do falante em relação ao conteúdo objetivo de sua fala. Um dos elementos
discursivos mais empregados na modalização consiste na conveniente seleção
lexical. De fato, em muitos casos, uma mesma realidade pode ser apresentada por
vocábulos positivos, neutros ou negativos, tal como ocorre em: sacrificar / matar / assassinar; compor
/ escrever / rabiscar; cidadão / réu / assassino.
Dessa forma, uma leitura eficiente deve captar tanto as
informações explícitas quanto as implícitas. Portanto, um bom leitor deve ser
capaz de ?ler as entrelinhas?, pois, se não o fizer, deixará escapar
significados importantes, ou pior ainda, concordará com idéias ou pontos de
vista que rejeitaria se os percebesse. Assim, para ser um bom produtor de texto
jurídico, é necessário que o emissor esteja apto a utilizar os recursos
disponíveis na língua a serviço da modalização.
Não se trata de mentir ou manipular, o que constituiria
verdadeiro problema de ética profissional e humana. Trata-se, isso sim, de
construir versões verossímeis sobre
como se desenvolveu a lide.
Leia o
texto a seguir.
Questão 1
A
narrativa adiante expõe abstrata e genericamente os fatos relativos a uma ação
indenizatória. Tendo em vista ser a narrativa de uma petição inicial, reescreva
o texto, preenchendo as lacunas e modalizando fartamente o texto com
informações relevantes.
O autor,
em abril de 2003, adquiriu da ré veículo novo (VW-PARATI GLS 2.0 MI) de sua
própria fabricação.
Ocorre
que, quando da realização de uma viagem para a cidade vizinha, em (25/04/2005),
enquanto trafegava pela rodovia _105BR____, o autor foi obrigado a frear o
veículo para não bater em um caminhão que estava na sua frente (Boletim de
Ocorrência incluso, doc. n.º 2).
Todavia,
o freio do veículo não funcionou e o autor bateu na traseira do referido
caminhão. Em razão do acidente, o veículo do autor teve perda total, não
podendo ser recuperado, conforme laudo acostado (doc. 3).
Além
disso, o autor ficou hospitalizado pelo prazo de 60 (sessenta) dias, como demonstra
o atestado médico incluso (doc. 4), período em que deixou de exercer suas
atividades comerciais e perceber o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).
Não
obstante o dano material anteriormente mencionado, o autor sofreu lesões
corporais que resultaram em cicatrizes e a incapacidade temporária para o
trabalho, como demonstra o laudo médico juntado (doc. 5).
Por
outro lado, dias após o acidente, a ré publicou em órgão de imprensa (jornal e
DVD acostados – doc. 6 e 7), convocação para que todos os consumidores
adquirentes dos veículos da mencionada marca comparecessem às concessionárias
para substituição de determinada peça do freio, uma vez que ocorreu um defeito
na fabricação.
(Disponível em:
<http://processoemdebate.files.wordpress.com/2010/09/modelo-de-petic3a7c3a3o-inicial.pdf>.
Acesso em: 01 jul. 2012.)
Questão 2
Leia os
fragmentos adiante e reescreva-os, adequando-os à norma culta da Língua
Portuguesa.
A)
Os autos foram apensados aos da
medida cautelar de sustação de protesto, através do qual a autora logrou a
sustação liminar do protesto.
R: Os autos foram anexados aos da medida cautelar de
suspensão de protesto, através do qual a autora logrou obstação da liminar do
protesto.
B) Insta salientar que a informante Ana Buarque, secretária do demandante,
não narra qualquer humilhação que este tenha sofrido, até mesmo porque era a
depoente que ia ao 7º Ofício de Imóvel tentar resolver a pendência, ora
sozinha, ora em companhia da Dra. Maria dos Milagres.
R: Cabe esclarecer que a
declarante Ana Buarque, secretária do pleiteador, não conta qualquer humilhação
que este tenha sofrido, até mesmo porque era testemunha que ia ao 7º Ofício de
Imóvel procurar solucionar a disputa,
ora só, ora em companhia da Dra. Maria dos Milagres.
C)
A culpa, em sede penal, precisa
ser demonstrada.
R: O
delito, em instância penal, necessita ser provado.
D)
O advogado apelou, sob a alegação
de que o magistrado desconsiderou os documentos de fls. 30-34, os quais, por
certo, comprovarão a obrigação do réu.
R: O defensor apelou, sob a alegação de que o juiz
postergou os registros de fls. 30-34, os quais, por certeza, justificarão o
encargo do denunciado.
E) O
consumidor, que é hipossuficiente, faz jus à inversão do ônus da prova.
R: O cliente, que é sujeito
vulnerável, faz jus à não comprovação do ônus probante.
E)
É
inadmissível inovar o pedido em sede de recurso, visto que não se pode recorrer
do que não foi objeto de discussão e decisão em primeira instância (RT 811/282).
R: Impossível recriar o pedido em sede de
mérito visto que não se pode recorrer do que não foi passível de discussão e
acordo em primeira instância (RT 811/282)
F)
A contestante opõe-se apenas a
esse item: o pedido de renovação, pois pretende a retomada para uso próprio,
posto que seu objeto social é muito mais amplo do que o da Autora.
R: A
reclamante discorda-se apenas a esse item: a solicitação de renovo, pois pretende
reaquistar para uso próprio, posto que seu
patrimônio é muito mais amplo do que o da agente.
G)
Incumbia à autora provar os fatos,
através de perícia, que deve ser tempestivamente requerida ao magistrado.
R: Cabia à fundadora provar as ocorrências, através de acerto,
que deve ser favoravelmente requerido ao juiz.
H)
Considerando que os meios de
verificação das chamadas telefônicas são informatizados e, inobstante
suscetíveis de inúmeras falhas, não resta configurada, in casu, a abusividade
que ensejaria a devolução em dobro.
R:
Tendo em conta que os instrumentos de verificação dos telefonemas são
gerenciados e, apesar de passíveis de
várias inoperabilidades, não resta configurada, in casu, a lesividade que
motivaria dupla restituição .
J) Antes
de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se neste andar (Lei/DF Nº
3212 de 30.10.03)
R: Antes de adentrar no ascensor, observe se o mesmo encontra-se
neste andar ( Lei /DF Nº 3212 de 30.10.03)
L) Todavia,
o registro lhe foi negado, sem o menor fundamento, posto que conforme certidão
de ônus reais do imóvel, emitida em 22/06/2010, o imóvel estava livre de
impedimentos.
R: Entretanto, o registro lhe
foi indeferido, sem base legal, posto que análoga certidão de ônus reais do
edifício, emitida em 22/06/2010, o patrimônio estava livre de interdições.
M)
Ocorre que outra indisponibilidade foi averbada no dia 11/09/2008 e, mais uma
vez, o Autor precisou ingressar com demanda para cancelamento do gravame, o que
aconteceu em 04/05/2010.
R: Ocorre que outro impedimento
foi registrado no dia 11/09/2008 e, outra vez, o requerente necessitou
ingressar com o litígio para impugnação da ofensa, o que ocorreu em 04/05/2010.
N) Leia atentamente os fragmentos abaixo. marque a letra
correspondente à alternativa correta quanto ao registro dos dispositivos
legais.
R: Leia com atenção as sentenças abaixo.
Assinale a letra correlata à escolha correta quanto ao apontamento dos
preceitos.
a) ?A inobservância dos incisos I e II do artigo 226 do Código
Penal, não gera a nulidade dos autos de reconhecimento.?
b) ?Tal regramento regimental afeiçoa-se, dando-lhe aplicação aos
arts 96, I, a e 125 § 1o, da Constituição da República Federativa do Brasil.?
c) ?O recorrente alegou que fora contrariada a literalidade do
art. 485 IV e V c/c os arts 295, I, p. ú., II e III, e 267, I e IV, do CPC.?
d) ?O MP denunciou Xênio Zamir por atitude comportamental
subsumida no art.121, § 2º, II e IV c/c o art. 61, II, ?e? do CP.?
:
Ela é a mãe da criança;
1.0 princípio da isonomia no plano formal,
mas buscou emprestar a máxima
Ø
Matou o recém-nascido, jogando-a para trás e na queda, sofreu traumatismo
craniano;
Ø
Agiu sobre forte emoção, caracterizada como depressão pós-parto, com vontade de
matar o próprio filho, o que se difere do estado puerperal;
No caso de Adriana, destaca-se:
Ø Ela também é a mãe da criança;
Ø
Teve uma gravidez indesejada, levando-a a esconder o período gestacional do
próprio pai da criança, familiares e amigos (motivo);
Ø
Planeja matar a criança a todo tempo;
Ø
Existe o dolo;
Ø
Crime de Infanticídio e Ocultação de Cadáver;
Ø
Embora os exames comprovem seu estado puerperal, percebe-se que esse resultado
foi sentenciado por coincidência;
c)
Quais crimes praticaram Marcela
e Adriana? Defenda seus pontos de vista em um parágrafo.
R: As agentes
enquadram-se no Crime de Homicídio, Art. 121, do CP. Pois, mesmo que haja
particularidades ou tentativas de justificar os atos, como Marcela em situações
precárias de sobrevivência e Adriana, resguardada pelo exame que confirma um
estado puerperal da mesma, ambas violaram um direito fundamental da
personalidade: o direito a vida, onde no 1º caso a agente demonstra fraqueza e
incapacidade de superação quanto às adversidades que a vida lhe ofereceu,
rejeitando seu bebê e impossibilitando-o de sobrevivência de forma digna. Em
contrapartida, a 2ª agente poderia ter sido enquadrada no Crime de
Infanticídio, segundo o Art. 123, do CP, caso não tivesse premeditado o crime
desde a confirmação da gravidez, agindo com dolo, além de ocultar o cadáver do
filho em um saco de lixo, lançando-o ao rio.
AULA 5- APLICAÇÃO
PRÁTICO-TEÓRICA
No ato
de interpretar um texto, não é apenas necessário o conhecimento da língua, mas
também se faz imprescindível que o receptor tenha em seu arquivo mental as
informações do mundo e da cultura em que vive. Ao ler/ouvir um discurso, o
receptor acessa diferentes memórias.
Portanto,
interpretar depende da capacidade do receptor de selecionar mentalmente outros
textos. Quem não tem conhecimento armazenado, cultura, leitura de mundo, terá
dificuldade, quer na construção de novos discursos, quer na captação das
intenções do emissor do discurso.
ELEMENTOS LINGUÍSTICOS QUE TÊM O PAPEL DE
MARCAR A POLIFONIA:
Conjunções conformativas - segundo, conforme,
como, etc.
Verbos introdutores de vozes (dicendi – verbos de dizer) - dizer, falar, (verbos mais neutros); enfatizar,
afirmar, advertir, ponderar, confidenciar, alegar (verbos
modalizados).
Maneiras de realizar uma citação:
citação direta (transcrição) e citação indireta (paráfrase).
Transcrição consiste na cópia literal de trecho ou fragmento. Até três linhas
citadas, usar apenas aspas, sem qualquer destaque especial. Quando a
transcrição tiver mais de três linhas, usar destaques conforme orientação da
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Paráfrase é
um resumo, cuidadoso e original, do conteúdo da obra ou trecho lido, elaborado
com as próprias palavras do pesquisador.
(...) Deve ser redigida com bastante clareza e exatidão, de modo a
possibilitar, no futuro, a sua utilização sem necessidade de retorno à obra
original.
(MARCHI,
Eduardo Silveira. Guia de Metodologia
Jurídica. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 240).
Questão 1
Leia a
ementa do julgado abaixo (Relator: Ministro Celso de Mello - Ag.Reg. no Recurso
Extraordinário 477.554 Minas Gerais), e parafraseie, em texto corrido, na forma
de parágrafo, essas ideias em até cinco linhas. Contemple de forma concisa todo
o conteúdo presente na ementa.
UNIÃO CIVIL ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO – alta relevância social e jurídico-constitucional da questão pertinente às uniões homoafetivas - legitimidade constitucional do reconhecimento e qualificação da união estável homoafetiva como entidade familiar: posição consagrada na jurisprudência do supremo tribunal federal (ADPF 132/RJ e ADi 4.277/DF) - o afeto como valor jurídico impregnado de natureza constitucional: a valorização desse novo paradigma como núcleo conformador do conceito de família - o direito à busca da felicidade, verdadeiro postulado constitucional implícito e expressão de uma ideia-força que deriva do princípio da essencial dignidade da pessoa humana – alguns precedentes do supremo tribunal federal e da suprema corte americana sobre o direito fundamental à busca da felicidade - princípios de yogyakarta (2006): direito de qualquer pessoa de constituir família, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero - direito do companheiro, na união estável homoafetiva, à percepção do benefício da pensão por morte de seu parceiro, desde que observados os requisitos do art. 1.723 do código civil - a força normativa dos princípios constitucionais e o fortalecimento da jurisdição constitucional: elementos que compõem o marco doutrinário que confere suporte teórico ao neoconstitucionalismo - recurso de agravo improvido.
UNIÃO CIVIL ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO – alta relevância social e jurídico-constitucional da questão pertinente às uniões homoafetivas - legitimidade constitucional do reconhecimento e qualificação da união estável homoafetiva como entidade familiar: posição consagrada na jurisprudência do supremo tribunal federal (ADPF 132/RJ e ADi 4.277/DF) - o afeto como valor jurídico impregnado de natureza constitucional: a valorização desse novo paradigma como núcleo conformador do conceito de família - o direito à busca da felicidade, verdadeiro postulado constitucional implícito e expressão de uma ideia-força que deriva do princípio da essencial dignidade da pessoa humana – alguns precedentes do supremo tribunal federal e da suprema corte americana sobre o direito fundamental à busca da felicidade - princípios de yogyakarta (2006): direito de qualquer pessoa de constituir família, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero - direito do companheiro, na união estável homoafetiva, à percepção do benefício da pensão por morte de seu parceiro, desde que observados os requisitos do art. 1.723 do código civil - a força normativa dos princípios constitucionais e o fortalecimento da jurisdição constitucional: elementos que compõem o marco doutrinário que confere suporte teórico ao neoconstitucionalismo - recurso de agravo improvido.
R: Paráfrase:
Ementa do julgado
sobre União Civil Entre Pessoas Do Mesmo Sexo – Reconhecimento e qualificação
da união estável homoafetiva como entidade familiar – e sua valorização
enquanto paradigma e núcleo conformador do conceito de família – desde que
observado os requisitos do art. 1.723 do Código Civil – força normativa dos
princípios constitucionais, além do fortalecimento da jurisdição
constitucional, elementos do marco doutrinário aferidor do suporte teórico ao
neoconstitucionalismo, isto é, a Constitucionalização do Direito Brasileiro.
Questão 2
Assim
como no exercício anterior, leia o fragmento, compreenda seu sentido global e
parafraseie seu conteúdo.
O repertório limitado usado nos
discursos dos juízes constitui-se dos seguintes signos: 1) Citação de
doutrinadores; 2) O uso do tom doutrinário; 3) Citação de jurisprudências, como
argumentos de autoridade; 4) Citação de jurisprudências anteriores a
Constituição de 1988; 5) Discursos de mera autoridade e afirmação; 6) Citações
auto-referentes praticadas pelos juízes;
7) O uso ipsis litteris dos pareceres dos membros do Ministério Público (que
funcionam como “fiscais da lei”); 8) O uso do processo civil como uma
estratégia de evitar a decisão do mérito da questão; 9) O uso e interpretações
de citações legais; e, finalmente 10) O uso de digressões históricas e
doutrinárias.
Este
repertório limitado, que acabou de ser descrito acima, se opera regularmente em
bases de três grandes estratégias argumentativas por parte dos discursos dos
juízes:
ESTRATÉGIA
1) a descontextualização histórica,
que se define pelo uso de citações e referências de obras doutrinárias e de
jurisprudências de contextos históricos os mais distintos, muitos vezes de
períodos não democráticos e de circunstâncias temáticas diversas, como se
houvesse uma grande linha de continuidade histórica, ou melhor, como se
houvesse uma atemporalidade que permitiria este trabalho do bricoleur em usar
este material a sua disposição;
ESTRATÉGIA
2) a descontextualização geográfica,
o uso de citações e referências de obras doutrinárias e de jurisprudências
concebidas para outros sistemas jurídicos que não o brasileiro. Nos parece que
por esta estratégia o bricoleur trabalha
sob a perspectiva de um Direito universal aplicável para qualquer lugar.; e
finalmente,
ESTRATÉGIA
3) a descontextualização de
sentidos, entendida como o uso de fragmentos da doutrina jurídica e do processo
civil, muitas vezes, por argumentos de autoridade, como bem lhe aprouver, e
como tal fora de seus sentidos primeiros, para conceber a sua obra decisória.
(Professor Rafael Iorio. A impossibilidade da igualdade jurídica no Brasil)
R: Repertório de uso nos
discursos dos juízes, que se opera baseado em três grandes estratégias
argumentativas:
1º) a
descontextualização histórica.
2º)a descontextualização geográfica; e;
3ª) a
descontextualização de sentidos), as
quais podem assim serem resumidas:
1-
Citação de doutrinadores e jurisprudências ( como argumento de
autoridades);
2-
Tom doutrinário;
3-
Citação de jurisprudências anteriores a CF/88;
4-
Discursos de mera autoridade e afirmação;
5-
Citações auto-referentes praticadas pelos juízes;
6-
Processo civil- estratégia para evitar a decisão do mérito da
questão;
7-
Interpretações de citações legais; e
8-
Digressões históricas e doutrinárias.
Questão 3
o texto
adiante é rico em polifonia. Identifique essas ocorrências.
R: Detectamos as
seguintes ocorrências ou elementos lingüísticos que marcam a polifonia:
1)
Verbos modalizados (verbo discendi), introdutores de vozes:
a)
“ pediu ajuda da Interpol, ...”
b)
“, afirmou que Cachoeira...”
c)
“Disseram que eles...”
d)
“, afirmou o deputado...”
2)
Conjunções conformativas:
a)
“ Segundo o deputado,...”
b)
“, ainda segundo Teixeira,...”
3)
Citação Direta
(Transcrição):
a)
“ Ele tem bens...”
4)
Paráfrase ( citação indireta):
a)
“ De acordo com Teixeira,..”
b)
“ No depoimento, segundo o relato dos parlamentares,...”
TEXTO[1]:
CPI
pede ajuda da Interpol para rastrear negócios de Cachoeira
A CPI
Mista que investiga as relações do contraventor Carlos Augusto de Almeida
Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos e empresários pediu ajuda da
Interpol, a polícia internacional, para rastrear os negócios do contraventor. O
requerimento pedindo ajuda da Interpol foi de autoria do vice-presidente da
CPI, deputado Paulo Teixeira (PT-SP) e foi já encaminhado para a Polícia
Federal, responsável por repassar a solicitação de apoio nas investigações.
De
acordo com Teixeira, há suspeitas de que o contraventor tenha negócios no
exterior. Segundo o deputado, em depoimento à CPI no último dia 10 de maio, o
delegado da Polícia Federal Matheus Mella Rodrigues, responsável pela Operação
Monte Carlo, afirmou que Cachoeira tinha uma empresa sediada no exterior e um
bingo com endereço em uma das ilhas britânicas, a ilha de Curaçao, perto da
costa venezuelana.
"Ele
tem bens no exterior. Disseram que ele tem cassinos, tinha um site do exterior
e pedimos rastreamento de todas as contas no exterior. Não recebemos nada
ainda. Ainda não sabemos se a Interpol já começou a trabalhar, mas esperamos
ter logo estes dados", afirmou o deputado.
No
depoimento, segundo o relato dos parlamentares, o delegado disse que o objetivo
de Cachoeira com os negócios fora do país seria a lavagem do dinheiro obtido
através de atividades ilegais. As empresas, ainda segundo Teixeira, seriam
operadas por laranjas. O deputado disse ainda que a construtora Delta realizou
depósitos em outras empresas de fachada do grupo do bicheiro.
[1] Disponível em:
<http://g1.globo.com/politica/noticia/2012/07/cpi-pede-ajuda-da-interpol-para-rastrear-negocios-de-cachoeira.html>.
Acesso em: 02 jul. 2012.
concreção a esse importante postulado,
de maneira a assegurar a
igualdade material ou substancial a
todos os brasileiros e estrangeiros
que vivem no País, levando em
consideração – é claro - a diferença que os
distingue por razões naturais,
culturais, sociais, econômicas ou até
mesmo acidentais, além de atentar, de
modo especial, para a
desequiparação ocorrente no mundo dos
fatos entre os distintos grupos
sociais.
AULA
6- APLICAÇÃO PRÁTICO-TEÓRICA
Num relato pessoal, interessa ao
narrador não apenas contar os fatos, mas justificá-los. No mundo jurídico,
entretanto, muitas vezes, é preciso narrar os fatos de forma objetiva, sem
justificá-los. Ao redigir um parecer, por exemplo, o narrador deve relatar os
fatos de forma objetiva antes de apresentar seu opinamento técnico-jurídico na
fundamentação.
Antes de iniciar seu relato, o
narrador deve selecionar o quê narrar,
pois é necessário garantir a relevância do que é narrado. Logo, o primeiro passo para a elaboração de uma boa
narrativa é selecionar os fatos a serem relatados.
Leia o caso concreto que segue e
sublinhe todas as informações que precisam ser observadas em uma narrativa
imparcial. Em seguida, liste, em tópicos, todas essas informações que devem ser
usadas no relatório.
Caso concreto
SÃO PAULO - O
Conselho Tutelar de Santa Bárbara d'Oeste, cidade a 135 quilômetros de São
Paulo, investiga o caso de um
adolescente de 14 anos que aparece em vídeos do Youtube amarrado a uma árvore e
gritando, pedindo por socorro. A denúncia
chegou por um email, recebido na quarta-feira
pelos conselheiros da cidade. O menor foi localizado e confirmou o caso de bullying.
Pelo menos dez
adolescentes, com idades entre 11 e 17 anos, são suspeitos de atacar o estudante,
que relatou que as agressões eram constantes.
O conselheiro Robério Xavier
Bonfim conta que os agressores foram identificados e chamados no Conselho
Tutelar, onde compareceram acompanhados dos pais e negaram a autoria dos
vídeos.
- Eles não revelam quem fez as publicações, mas os pais
dos menores se comprometeram que os vídeos seriam retirados do ar e de fato
foram deletados algumas horas depois da conversa no Conselho - conta Bonfim.
O menor, vítima de
bullying, estudava na mesma escola
dos agressores, a Escola Estadual Jorge Calil Assad Sallim. Depois do
início das investigações do Conselho
Tutelar, o menor foi transferido de escola, para evitar que novas agressões
pudessem acontecer.
As informações
levantadas pelo Conselho Tutelar foram encaminhadas para a Delegacia de Defesa
da Mulher da cidade, onde foi registrado
um boletim de ocorrência na semana passada. Paralelamente às investigações da Polícia Civil, devem correr as
apurações do Ministério Público de Santa Bárbara d'Oeste, que deve receber até o fim da tarde desta sexta-feira os
documentos e informações levantadas pelo Conselho Tutelar.
A promotora da Infância e da
Juventude, Daniela Reis Pastorello, vai assumir as investigações do caso.
O Conselho Tutelar explica que os dois órgãos foram acionados
para agilizar as investigações sobre os ataques publicados na internet.
Recorra às fontes, se julgar
pertinente
LEI N.º 5.089 de 6 de outubro de
2009
Dispõe sobre a inclusão de medidas de conscientização,
prevenção e combate ao Bullying escolar no projeto pedagógico elaborado pelas
escolas públicas do Município do Rio de Janeiro e dá outras providências.
Art. 1° As escolas públicas da
educação básica do Município do Rio de Janeiro deverão incluir em seu projeto
pedagógico medidas de conscientização, prevenção e combate ao Bullying escolar.
Parágrafo único. A Educação Básica
é composta pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio.
Art. 2° Entende-se por Bullying a prática de atos de violência
física ou psicológica, de modo intencional e repetitivo, exercida por individuo
ou grupos de indivíduos, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de
intimidar, agredir, causar dor, angústia ou humilhação à vitima.
Parágrafo único. São exemplos de Bullying acarretar a exclusão social:
subtrair coisa alheia para humilhar; perseguir; discriminar; amedrontar;
destroçar pertences; instigar atos violentos, inclusive utilizando-se de meios
tecnológicos.
R: Listar em tópicos:
* Vítima de bullying,
estudante de 14 anos aparece em vídeo no Youtube, amarrado a uma árvore,
gritando e pedindo socorro;
* A denúncia chegou por
um email;
* Na quarta-feira, ao Conselho Tutelar de Santa Bárbara, cidade
a 135 quilômetros de São Paulo que investiga o caso;
* Agressores identificados: dez adolescentes entre 11 e 17 anos
que estudam na mesma Escola da vítima;
* Informações levantada pelo Conselho Tutelar foram encaminhadas
para a Delegacia de Defesa da Mulher;
* A Promotora da Infância e da Juventude, Daniela Reis
Pastorello assumirá as investigações do caso;
* Conforme art. 1 ,
parágrafo único, e art. 2, parágrafo único, da Lei Nº 5.089 de 6 de outubro de
2009-
AULA 7- APLICAÇÃO PRÁTICO-TEÓRICA
No
discurso jurídico, é necessário ater-se aos fatos do mundo biossocial que
levaram ao litígio. Ao procurar um advogado, o cliente fará, logo de início, um
relato dos acontecimentos que, em sua perspectiva, causaram-lhe prejuízo do
ponto de vista moral ou material. Contará sua versão do conflito, marcada,
geralmente, por comoção, frequentes rodeios e muita parcialidade. Já
compreendemos, nas aulas anteriores, que saber selecionar essas informações é
importante e esse procedimento depende não só da peça que se quer redigir, mas
também de uma visão crítica madura e acurada.
Ao profissional do Direito caberá,
em seguida, organizar as informações importantes obtidas nessa conversa, com
vistas à estruturação da narrativa a ser apresentada na petição inicial.
Sempre que o advogado elencar
fatos, haverá entre eles um lapso temporal, imprescindível para a narrativa, a
qual, por sua própria natureza, deve respeitar a cronologia do assunto em
pauta, ou seja, a estrita ordem dos acontecimentos na realidade. A essa narrativa
chama-se também narrativa linear. Sobre esse assunto, leia, também, o capítulo
“Narração e descrição: textos a serviço da argumentação”, do livro Lições de argumentação jurídica: da
teoria à prática.
Ao contrário, não se deve
apresentar fatos em sequência alterada, não-linear. Para Victor Gabriel
Rodríguez, a utilização da narrativa linear evidencia para o leitor o
encadeamento lógico entre os acontecimentos, crucial para se estabelecerem os
nexos de causalidade e alcançar também maior clareza textual.
Adiante, uma tabela com
vocabulário da área semântica de tempo, a fim de orientá-lo na produção das
narrativas.
VOCABULÁRIO DA
ÁREA SEMÂNTICA DE TEMPO[1]:
Tempo em geral: idade, era, época, período, ciclo, fase, temporada, prazo,
lapso de tempo, instante, momento, minuto, hora, etc.
Fluir do tempo: o tempo passa, flui, corre, voa, escoa-se, foge, etc.
Perpetuidade: perenidade, eternidade, duração eterna, permanente,
contínua, ininterrupta, constante, tempo infinito, interminável, infindável,
etc. Sempre, duradouro, indelével, imorredouro, imperecível, até a consumação
dos séculos, etc.
Longa duração: largo, longo tempo, longevo, macróbio, Matusalém, etc.
Curta duração: tempo breve, curto, rápido, instantaneidade, subitaneidade,
pressa, rapidez, ligeireza, efêmero, num abrir e fechar d 'olhos, relance,
momentâneo, precário, provisório, transitório, passageiro, interino, de
afogadilho, presto, etc.
Cronologia, medição, divisão do tempo: Cronos, calendário, folhinha, almanaque, calendas,
cronometria, relógio, milênio, século, centúria, década, lustro, quinquênio,
triênio, biênio, ano, mês, dia, tríduo, trimestre, bimestre, semana, anais,
ampulheta, clepsidra, etc.
Simultaneidade: durante, enquanto, ao mesmo tempo, simultâneo,
contemporâneo, coevo, isocronismo, coexistente, coincidência, coetâneo, gêmeo,
ao passo que, à medida que, etc.
Antecipação: antes, anterior, primeiro, antecipadamente, prioritário,
primordial, prematuro, primogênito, antecedência, precedência, prenúncio,
preliminar, véspera, pródomo, etc.
Posteridade: depois, posteriormente, a seguir, em seguida, sucessivo,
por fim, afinal, mais tarde, póstumo, "in fine", etc.
Intervalo: meio tempo, interstício, ínterim, entreato, interregno,
pausa, tréguas, entrementes, etc.
Tempo presente: atualidade, agora, já, neste instante, o dia de hoje,
modernamente, hodiernamente, este ano, este século, etc.
Tempo futuro: amanhã, futuramente, porvir, porvindouro, em breve, dentro
em pouco, proximamente, iminente, prestes a, etc.
Tempo passado: remoto, distante, pretérito, tempos idos, outros tempos,
priscas eras, tempos d'antanho, outrora, antigamente, coisa antediluviana, do
tempo do arroz com casca, tempo de amarrar cachorro com linguiça, etc.
Frequência: constante, habitual, costumeiro, usual, corriqueiro,
repetição, repetidamente, tradicional, amiúde, com frequência, ordinariamente,
muitas vezes, etc.
Infrequência: raras vezes, raro, raramente, poucas vezes, nem sempre,
ocasionalmente, acidentalmente, esporadicamente, inusitado, insólito, de quando
em quando, de vez em vez, de vez em quando, de tempos em tempos, uma que outra
vez, etc.
CASO CONCRETO
Famílias velam corpos trocados em hospital
estadual de Saracuruna
O Globo, 21 de abril de 2009, p. 16.
Francisca Constantina de Souza, de
49 anos, e Helena dos Santos, de 51 anos, morreram, no último domingo, no
Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, Caxias. Comunicadas, as
duas famílias prepararam os enterros. Mas os corpos foram trocados. Na
funerária, em Itaguaí, Daniele Moura, de 25 anos, descobriu que a mulher que
estava no caixão não era sua mãe, Francisca. No Cemitério de Queimados, a
família Santos velava Francisca acreditando se tratar de Helena.
Apenas no início da tarde de
ontem, o filho de Helena, Elias Santos, de 30 anos, soube da reclamação da
família de Francisca. Ele já estava desconfiado. De acordo com os amigos,
Helena era evangélica e não pintava as unhas ou fazia as sobrancelhas.
- É uma verdadeira bagunça - disse
Elias.
Uma foto do corpo de Francisca,
enviada por celular para a família dela, acabou com a dúvida. A filha Daniele
lamentou o absurdo da situação:
- Outras pessoas estão fazendo o
velório da minha mãe. Olhem o que fizeram com as nossas famílias.
Helena, mãe de cinco filhos, que
foi atropelada, foi levada para o Hospital de Saracuruna e morreu no domingo.
Francisca foi internada no dia 28 de março com aneurisma cerebral. Também na
manhã de domingo, o hospital avisou a família sobre sua morte. O engenheiro
químico Daniel de Moura Barbosa, de 54 anos, ex-marido de Francisca, reconheceu
o corpo, mas disse ter sido pressionado por funcionários do hospital a dizer
que se tratava da ex-mulher.
Segundo o advogado Ricardo Felipe
Meira de Carvalho, a família de Francisca vai denunciar o fato ao Ministério
Público e mover uma ação por danos morais e materiais contra o estado.
Questão 1
Considere que informações
juridicamente importantes são aquelas que precisam constar na narrativa da peça
porque a lei, a doutrina e/ou a jurisprudência consideram essas informações
como importantes.
Assim, realize uma pesquisa e
indique as fontes principiológicas, legais, doutrinárias e jurisprudenciais que
contribuam para a percepção de quais informações são juridicamente importantes
para a solução da lide.
R: NARRATIVA SIMPLES
DOS FATOS - NARRATIVA VALORADA DOS FATOS
- O quê? - O quê?
- Quem ( ativo e passivo) - Quem ( ativo e passivo)
- Onde - Onde
- Quando - Quando
- Como -
Como
- Por quê - Por quê
- Inicia-se por “ Trata-se de questão - inicia-se por “ Fulano
ajuizou ação Sobre...” face de Beltrano, na qual
preiteia...”
Questão
2
Produza uma narrativa simples – em texto corrido,
adequadamente dividido em parágrafos – para o caso concreto com a exposição
cronológica dos fatos.
R: Trata-se de
questão sobre os corpos trocados, de Francisca Constantina de Souza, de 49
anos, e Helena dos Santos, de 51 anos.
Aconteceu o
fato, no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, Caxias, no último
domingo.
Helena, mãe de cinco
filhos, foi atropelada e levada ao Hospital, vindo a falecer nesse mesmo
domingo. Francisca, internada no dia 28 de março com aneurisma cerebral,
faleceu também nesse domingo pela manhã.
O ex-marido de
Francisca, o engenheiro químico Daniel de Moura Barbosa, de 54 anos, reconheceu
o corpo, entretanto disse “ ter sido pressionado por funcionários do hospital a
dizer que se tratava da ex-mulher”.
Segundo o advogado Ricardo Felipe Meira de Carvalho, a família de
Francisca denunciará o fato ao Ministério Público e moverá ação por danos
morais e materiais contra o Estado.
[1] GARCIA, Othon M. Comunicação em Prosa Moderna. 22. ed.
Rio de Janeiro: FGV, 2004, cap. 1.6.5.5.1.
AULA 8- APLICAÇÃO PRÁTICO-TEÓRICA
O relatório é um tipo de narrativa
em que os fatos importantes de uma situação de conflito devem ser
cronologicamente organizados, sem interpretá-los (ausência de valoração);
apenas informá-los na lide ou demanda processual.
Segundo De Plácido (2006, p.1192), relatório ?designa a exposição
ou a narração acerca de um fato ou de vários fatos, com a discriminação de
todos os seus aspectos ou elementos relevantes?.
QUESTÃO:
Leia atentamente o caso concreto e produza um relatório. Observe
todas as orientações acumuladas ao longo
do semestre.
Caso concreto
Numa festa de estudantes de psicologia no Clube Israelita
Brasileiro, em Copacabana (RJ), um universitário posou para fotos exibindo um
dos mais fortes símbolos do nazismo, uma suástica tatuada na perna. Era 13 de
dezembro de 2011. A imagem foi parar na internet. A pedido da Federação
Israelita do Rio, a polícia deu início a uma investigação e prendeu ontem o
estudante de publicidade Luiz Vinícius, de 23 anos, que vai responder em
liberdade por crime de discriminação e preconceito, com pena de dois a cinco
anos de prisão. Outras duas pessoas ligadas a ele, Diego, de 23, e um estudante
de administração de 17 anos também foram detidos.
O crime chocou a comunidade
judaica. O Clube Israelita foi fundado no século passado por imigrantes judeus.
O delegado titular da 12ª DP (Copacabana), Antenor Martins, disse que os três
fazem parte de um grupo neonazista e que outras pessoas são investigadas:
— Ele era o cabeça. Tinha
uma tatuagem gigante da suástica. Na sua casa, achamos farto material sobre o
nazismo e a Gestapo (polícia secreta de Hitler). Em depoimento, ele disse que
era adepto do nazismo, do fascismo e do integralismo.
Com mandado de busca e
apreensão, os policiais encontraram na casa de Luiz Vinícius, no Grajaú,
revistas alusivas ao nazismo e conteúdo antissemita. O computador do rapaz foi
apreendido. Foram encontradas fotos em que ele aparece com a mão em riste como
se fizesse a saudação nazista. Luiz Vinícius disse na delegacia que era grande
admirador de Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler. Segundo o
delegado, o acusado declarou que estudava o assunto em sua monografia. Na
delegacia, o próprio pai do rapaz teria ficado chocado ao tomar ciência das
acusações.
Os outros dois detidos
trocavam informações sobre o tema com Luiz Vinícius por meio de um site de
relacionamentos. O adulto responderá pelo mesmo crime. Os policiais ainda
estudam como será conduzido o inquérito em relação ao menor. Pelo menos mais
duas pessoas ainda são investigadas. Ontem também foram cumpridos mandados de
busca em endereços na Tijuca e em Copacabana.
O delegado pretende que
grupo seja enquadrado na Lei n. 7716/89 que trata de crimes de discriminação ou
preconceito contra raças, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Um dos
incisos diz que é crime fabricar, comercializar, distribuir ou veicular
símbolos que utilizem a cruz suástica.
Presidente do Clube
Israelita há cinco anos, César Benjor, lamentou o episódio:
— Na minha gestão a única
coisa proibida é discriminar. A gente aluga o clube para todos, de festas gays
a aniversários de protestantes. Sempre recebendo as pessoas com amor e carinho.
O que aconteceu foi inaceitável.
R: Do Relatório-
Narrativa Valorada ( tese 1 e tese 2 = pontos de vista a sustentar):
* O quê?
* Quem ( ativo e passivo)
A Federação
Israelita do Rio ajuizou ação de crime de discriminação e preconceito em face
de Luiz Vinícius, 23 anos, estudante de publicidade, em uma festa de estudante
de psicologia, no Clube Israelita Brasileiro, em Copacabana (RJ), posar para
fotos com símbolos do nazismo, uma suástica tatuada na perna, indo a imagem
parar na Internet, no dia 13 de dezembro de 2001.
Cabeça do grupo
neonazista, o estudante de publicidade que detinha farto material em sua casa,
no Grajaú (RJ), sobre o nazismo e a Gestapo ( polícia secreta de Hitler), em
depoimento confirmou-se adepto do nazismo, do fascismo e do integralismo.
Por isso foi
investigado, sendo preso ontem, com mais duas pessoas ligadas a ele, Diego, de
23, e um estudante de administração de 17 anos também detidos. Responderá em
liberdade por crime de discriminação e preconceito, com pena de dois a cinco
anos de prisão, caso condenado.
Segundo o delegado,
o acusado declarou que estudava o assunto em sua monografia. Entretanto, “o
delegado pretende que o grupo seja enquadrado na Lei n. 7716/89 que trata de
crimes de discriminação ou preconceito contra raças, cor, etnia, religião ou
procedência nacional. Um dos incisos diz que é crime fabricar, comercializar, distribuir
ou veicular símbolo que utilizem a cruz suástica.”
É o relatório.
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