segunda-feira, 19 de agosto de 2013

ENCANTAMENTO- PROJETO MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS; " E O TEU NOME CORRERÁ MUNDO..." MARANHÃO - BRASIL

 " QUANDO A ALMA BEIJA O CORAÇÃO, A POESIA SE REVELA" - 

  Vanda Lúcia da Costa Salles






PROJETO MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS :  " E O TEU NOME CORRERÁ MUNDO..."




MARANHÃO - BRASIL



(em Caxias- Turma toda)

GONÇALVES DIAS E EU
(Registros públicos de lembranças particulares)
POR:    EDMILSON SANCHES - (CAXIAS- MARANHÃO/BRASIL)
“Conto as coisas como foram,
Não como deviam ser”.

(Gonçalves Dias, Sextilhas)


DIA DE GONÇALVES DIAS – Neste 10 de agosto, em 1823, nascia o escritor maranhense Gonçalves Dias, que escreveu aqueles versos que praticamente todo brasileiro, de agora e de outrora, conhece: “Minha terra tem palmeiras / onde canta o sabiá”. Sou da mesma cidade e morei na mesma rua daquele ilustre brasileiro. Mais: o primeiro livro que li  -- “História do Imperador Carlos Magno e os Doze Pares de França” --  também foi o primeiro livro lido por Gonçalves Dias na sua infância. A seguir, texto que escrevi e atualizei.

***


Hotel Serra Azul, em Gramado, Rio Grande do Sul, década de 80. Náutico Clube, Fortaleza, Ceará, início dos anos 90. Colégio Rio Branco, bairro Higienópolis, São Paulo. Auditório Petrônio Portela, Senado Federal, Brasília. Montes Claros e Belo Horizonte, Minas Gerais. Mossoró e Baraúnas, Rio Grande do Norte. Campina Grande, Paraíba. Rio de Janeiro, Maceió, Recife, Curitiba...

Onde quer que eu esteja, Caxias é presença e referência permanente. Caxias e, claro, seu maior poeta e sua melhor rima  –– Gonçalves Dias.

Caxias, terra e rima de Gonçalves Dias.

Qualquer que seja o espaço, qualquer que seja o tempo, a mesma constatação: Gonçalves Dias vive.

Em todos os lugares acima, e muitos outros mais, em conferências nacionais, em encontros regionais, em palestras locais, em discursos ocasionais, em eventos formais, em “provocações” casuais ou em bate-papos triviais, dou um jeito de fazer um “teste”: crio um pretexto dentro do contexto e digo, falsamente desafiador, o primeiro verso da “Canção do Exílio” (“Minha terra tem palmeiras”)... somente para, logo em seguida, perceber/receber os sorrisos cúmplices da platéia de ouvintes não-maranhenses, o que denuncia que todos estavam continuando mentalmente –– quando não recitando audivelmente ––  o verso seguinte: “Onde canta o sabiá”.

Daí em diante fica fácil puxar ou esticar conversa acerca de literatura, de Cultura, dos “verdadeiros valores” da pessoa e das comunidades humanas. Dizer da permanência do que tem valor e da finitude do que tem preço. Preço, dá-se a coisas. Valor, dá-se a pessoas. Os versos gonçalvinos entram como exemplo de um “valor” que se sobrepõe a muitas “coisas”. Embora a fragilidade do papel, os versos foram mais resistentes que as grandes construções de pedra e cimento, como as fábricas de tecido. Estas, aparência; aqueles, essência  –– e por aí podem ir as obviedades, quase platitudes.


Escritos em julho de 1843, quando Gonçalves Dias ainda não completara 20 anos, os versos da “Canção do Exílio” atravessam gerações e se depositam e se (re)transmitem quase como que por hereditariedade. Parece não mais ser essa fixação resultado da leitura, mas produto de um código genético, uma informação cromossômica que se repassa no intercurso sexual e se vai instalando na mente de cada novo ser.

Seja em gente da antiga, seja no jovem de hoje, a poesia cometida em Coimbra está inscrita na memória das várias gerações de brasileiros dos últimos 165 anos. Embora, ressalve-se, em grande número de vezes, nunca esteja o poema inteiro, de 24 versos, 5 estrofes, 113 palavras, 487 letras.

Mas aqueles dois primeiros versos, quando não toda a primeira estrofe, não há negar: está na cabeça, melhor, está na alma do brasileiro.

Tudo isso me chega à lembrança no instante em que, também neste 10 de agosto de 2013, Caxias continua a nos relembrar, a nós conterrâneos e contemporâneos, a importância de ser a cidade onde, mais que um poeta, nasceu uma expressão de maranhensidade e de brasilidade. Muito da obra de Gonçalves Dias mostra de peito aberto o amor, o orgulho, o sentimento de pertencença (ownership) que o poeta tinha e desenvolvia pela sua própria terra. Quantos, hoje, manifestamente, denunciam assim orgulhosa e escancaradamente essa emoção telúrica, essa querença pátria?

Fora a conterraneidade, tenho outras “aproximações”, bem particulares, com Gonçalves Dias. A primeira delas, o primeiro livro que um e outro lemos: “História do Imperador Carlos Magno e dos Doze Pares de França”. Gonçalves Dias o leu aos dez anos, em 1833, aos 10 anos de idade, enquanto ajudava na casa comercial paterna, ali na rua do Cisco (hoje Benedito Leite), para onde seus pais, João Manuel e Vicência Ferreira, haviam se mudado, oito anos antes (1825). De minha parte, aos cinco, seis anos de idade já havia “ouvido” e lido aquela obra, ali na rua da Palmeirinha  -- onde as casas tinham, como fundo de quintal, o rio Itapecuru.

Explico o porquê do “ouvido” o livro. No mesmo lado da rua da Palmeirinha, algumas casas adiante da minha, morava o “seu” Miguel e dona Corina. Esta, naqueles idos de 1965, 66, 67, por aí, vivia de lavar e passar roupa. Sustentava a casa. “Seu” Miguel era paraplégico, ficava como que sentado em uma rede, um pano cobrindo as pernas macérrimas pendentes, e lia, lia muito. Usava um cachimbo, cujas baforadas recendiam em toda a casa. Más línguas diziam que era diamba, tirada de algumas mudas que, diziam, eram bem cuidadas no seu quintal, para a produção das endiabradas folhas e sua transformação em trescalante fumo.

Acostumei-me a visitar o “seu” Miguel. Ele gostava da minha atenção; eu gostava das suas histórias. Ouvia a leitura de capítulos e capítulos e, às vezes, o resumo de “romances”  –– que era o nome que também se dava aos folhetos de literatura de cordel. Um dia, ele me emprestou um livro que eu já “ouvira”. Era a história do imperador Carlos Magno. Ali, além do magno imperador, estavam Roldão, Oliveiros, Ferrabraz e tantos personagens mais... Lembro que eu li todo o livro e que pedi explicações sobre o motivo da morte e posterior “reaparecimento” de alguns personagens após a “parte” da morte. Claro que eu estranhava aquela minha primeira leitura “séria”: naquela idade, os textos a que estava acostumado eram os de cartilhas escolares, bastante fáceis para mim, demasiado, por assim dizer, lineares, sem recursos nem estilos mais elaborados.

Em Caxias, da rua da Palmeirinha mudei-me para a rua da Galiana (aliás, nome da mulher do imperador Carlos Magno). Tempos depois, nasceu um irmão meu... e chama-se Carlos Magno (depois veio Júlio César,  outro irmão “imperador” na família). Décadas mais tarde, consegui, em um sebo do Rio de Janeiro, um exemplar igual ao que me fora emprestado pelo “seu” Miguel: capa em tecido e sem o nome do autor (Vasco de Lobeira). Reli os dez capítulos da obra e revi(vi)-me criança. (Uma curiosidade: Meu irmão Carlos Magno, depois que aprendeu a ler e escrever, não se fez de rogado: pegou o raro e caro livro, empunhou uma esferográfica e, nas folhas de rosto, onde houvesse o nome do imperador, um sobrenome –– “Sanches” –– foi acrescentado...).

Outra “aproximação” com o autor d’Os Timbiras: Mudei-me para a rua do Cisco, número 1000,  próximo à “casa onde morou o poeta Gonçalves Dias” (era assim que registrava uma placa acobreada e quase despercebida). Eu estava aí por volta dos 15 anos e diariamente subia e descia quase toda a extensão da rua, para trabalhar no Banco do Brasil, menor estagiário. Invariavelmente, passava pela casa. Ali mora(va) a família de dona Labibe e do seu Fauze Elouf Simão. Um dos filhos, Jamil Gedeon, hoje desembargador em São Luís, e eu fomos colega de turma em todo o 2º Grau (Ensino Médio), no “colégio das Irmãs” (missionárias capuchinhas), o colégio São José. Ali fui presidente do Grêmio Santa Joana d’Arc durante três anos (Roldão, coincidentemente nome de personagem do livro sobre Carlos Magno, ganhara a presidência no primeiro ano e renunciara meses depois; assumi). O ex-secretário de Cultura Renato Meneses (ex-presidente da Academia Caxiense de Letras) e o ex-presidente da Fundação Vítor Gonçalves Neto, Jorge Bastiani, também estudavam ali, nós todos sob o tacão da querida Irmã Clemens (Maria Gemma de Jesus Carvalho). Pois foi o colega secundarista Jamil quem me disse, ainda no colégio, que encontrara “moedas e papéis” antigos em alguns pontos da casa de Gonçalves Dias.

Mas as referências à casa da rua do Cisco não terminam aí. Dona Labibe foi secretária de Educação de Caxias, na administração de José Ferreira de Castro. Ali pelos bares do Artur Cunha e do Herval, no Largo de São Benedito, contava-se a história de que a secretária Labibe, pretendendo morar numa casa melhor e não querendo derrubar a “casa onde morou o poeta”, se esforçou junto ao seu superior, instando para que ele, como prefeito, adquirisse a casa e a tombasse como patrimônio histórico. Conta-se que a resposta do prefeito foi pouco cavalheiresca e fazia comparação entre comprar a casa onde Gonçalves Dias “morou” e tombar o riacho do Ponte, onde ele, digamos... lavava as partes, digamos, pudendas. Pode não ser verdade o fato, mas era verdadeiro o boato  –– e, pelo menos este, se cuida de preservar aqui. Resumo da ópera: a casa de Gonçalves Dias foi destruída e, no seu lugar, ergueu-se uma residência de feições modernas, “combinando” com o prédio da outra esquina, que abriga as instalações de uma companhia de telecomunicações.

No mesmo ano da derrubada da casa, como réquiem à memória de Gonçalves Dias, escarafunchei o arquivo do fotógrafo Sinézio Santos (falecido), que ficava ali próximo ao Banco do Brasil, e consegui localizar negativos da residência. Pedi que fossem feitas cópias daquelas e de outras “vistas” de Caxias. Separei uma foto da ex-morada de Gonçalves Dias e a enviei, junto com um breve texto, para a Rede Globo de Televisão (Rio de Janeiro). Foi menos por denúncia e mais por sentimento de perda. Disseram-me que saiu um rápido registro no jornal (nacional) do meio-dia. Não confirmei.

Estas anotações, com algo de confessional, são uma episódica e epidérmica contribuição ao trabalho de um punhado de jovens caxienses de todas as idades, que teimam cuidar do que Gonçalves Dias merece  -- memória  --  na cidade que há 190 anos o viu nascer  -- História. E quem está fazendo não faz isso só por “vocação”: faz por legitimidade  –– e com competência.

Parabéns, Caxias! Viva Gonçalves Dias!

EDMILSON SANCHES


sábado, 3 de agosto de 2013

CIÊNCIA POLÍTICA: GERMINAL - O FILME



GERMINAL- O FILME

http://www.youtube.com/watch?v=vzVSlxWyxdc


Émile Zola (Paris, 2 de abril de 1840 — Paris, 29 de setembro de 1902) foi um consagrado escritor francês, considerado criador e representante mais expressivo da escola literária naturalista além uma importante figura libertária da França. Foi presumivelmente assassinado por desconhecidos em 1902, quatro anos depois de ter publicado o famoso artigo J'accuse, em que acusa os responsáveis pelo processo fraudulento de que Alfred Dreyfus foi vítima.
Em vida, Zola também demonstrou elevado engajamento político. 
Émile Zola faleceu em 29 de setembro de 1902 em sua casa em Paris devido à inalação de uma quantidade letal de monóxido de carbono proveniente de uma lareira defeituosa; alguns estudiosos, em razão das misteriosas circunstâncias do ocorrido, não descartam a hipótese de homicídio.


Do livro:
Amplamente considerada a obra máxima de Émile Zola, Germinal (1885) elevou a estética e a descrição naturalistas a um novo patamar de realismo e crueza. O romance é minucioso ao descrever as condições de vida subumanas de uma comunidade de trabalhadores de uma mina de carvão na França. Após ter contato com idéias socialistas que circulavam pela classe operária européia, os mineradores retratados na obra revoltam-se contra a opressão e organizam uma greve geral, exigindo condições de vida e trabalho mais favoráveis. A manifestação é reprimida e neutralizada, entretanto permanece viva a esperança de luta e conquista.
Para compor Germinal, o autor passou dois meses trabalhando como mineiro na extração de carvão. Viveu com os mineiros, comeu e bebeu nas mesmas tavernas para se familiarizar com o meio. Sentiu na carne o trabalho sacrificado, a dificuldade em empurrar um vagonete cheio de carvão, o problema do calor e a umidade dentro da mina, o trabalho insano que era necessário para escavar o carvão, a promiscuidade das moradias, o baixo salário e a fome. Além do mais, acompanhou de perto a greve dos mineiros.

SOCIOLOGIA JURÍDICA E JUDICIÁRIA- PLURALISMO JURÍDICO: UM NOVO PARADIGMA



http://www.youtube.com/watch?v=yrHkJaEduVM